sexta-feira, novembro 10, 2006

viajar

viajar

Bebi chá com uma família nómada nas dunas no deserto do Saara...
Chorei em Auswitz. ao som dos cânticos de um grupo de jovens israelitas...

Viajei de Belgrado para Sófia com os emigrantes ciganos da Bulgária, num comboio caótico, onde só a protecção de uma velha sérvia, grande gorda forte e racista, me salvou de uma noite de pesadelo...

Conheci pessoas únicas, mas iguais. Todos andávamos a viajar de mochila às costas. Alguns sozinhos, como eu, mas sem nunca se estar só.

Todos tínhamos experiências idênticas para partilhar mas cada história era diferente. Em várias línguas, sempre com alguma mímica, sempre nos entendemos. Os tradicionais convites para visitar os países uns dos outros. Os planos para, juntos, fazermos uma próxima viagem até ao local mais exótico do mundo.

Dos ingénuos Coreanos, aos loucos viajantes australianos. Da beleza de uma americana perdida em Itália, à alegria de um esloveno num comboio na Bulgária. Dos bêbados “hooligans” ingleses, à simpatia de duas jovens Holandesas em Istambul. Todos, durante um curto espaço de tempo, foram os nossos melhores amigos.

Discute-se futebol, política, filosofia, religião, a vida de cada um e de todos. Fala-se de amores e paixões. Trocam-se “mails” e diz-se um adeus e até uma próxima que na maioria das vezes nunca virá.

No fim, voltamos sempre diferentes. Somos obrigados a repensar tudo o que nos rodeia, como olhámos o mundo, como olhámos para nós. Mudamos de opiniões, até religiões. Estamos seguramente diferentes, apenas permanece a vontade de voltar a partir.

Cidades paradas no tempo, desertos, montanhas, mares, cheiros sons, cores, pessoas, culturas e religiões. Tudo aqui mesmo ao nosso lado, no nosso mundo.

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